Cuidado com a coisa
coisando por aí.
A coisa coisa sempre
e também coisa por aqui.
(Renato
Russo)
Aquela coisa ainda está aqui. Ela pulsa feito o tudo, ela
irrita feito o nada (feito o tudo que, exatamente por ser tudo, se porta feito
fosse nada). E o pior é que dói. O foda é que é uma dor que não incomoda muito;
e exatamente por não incomodar muito eu deixo pra lá, não ligo, não me importo,
não procuro um médico, ou uma benzedeira, ou coisa que o valha. Fico aqui... e
lá... e sempre com a mesma dor que incomoda apenas pelo fato de não incomodar.
Se pelo menos me fizesse sofrer, gritar, chorar, mas não, essa porcaria de dor
não serve pra nada. Fico imaginando o quão bom seria sentir esta dor se ela
fosse dor lasciva, dor que faz o olho chorar de algo muito parecido com alegria,
dor de gozo...
Porra!
A música que estou ouvindo agora cortou o meu raciocínio e por um momento (isso
acontece sempre) a dor pareceu nem existir. Fico me perguntando agora pelos
violinos. Cadê os violinos? Como é que uma banda com o nome “Violins” não tem
um violino tocando?
E
acho que é isso, a dor só existe quando estou falando, pensando, vivendo
(n)ela. A dor é uma coisa.
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