segunda-feira, 28 de março de 2011

"Um pouco do resto"

à C.C.
           
            Ficava naquele impasse “eu quero, mas será que ela vai querer, será que eu vou conseguir e se a raiva me inibir e se meu pau não subir e se ela não ficar molhada” esses e milhares de outros e se... pesavam na minha cabeça.
            Minha vontade era simples, instintiva, natural até, só queria chegar passar a mão pela nuca dela, enfiá-la pelos seus cabelos e puxá-los ao mesmo tempo em que o beijo iminente consolidasse a ausência do resto do mundo.
            Eu confiava que ela iria querer, confiava no meu taco, sabia que seria impossível ela me rejeitar, sei que ela se excita até com a minha voz ao telefone, sei que ela se masturba pensando em mim, mas... não sei... mesmo eu tendo todas essas convicções temia que algo não saísse como eu queria, temia que eu não conseguisse, temia decepcioná-la, temia não fazê-la gozar.
            Se todas as mulheres pensarem como a Clarissa (aquela que é amiga da Maria), significa que eu sou o homem dos sonhos de toda mulher: não sou o último dos românticos, mas também não sou nenhum brutamontes, sou poeta, mas jamais citei um verso antes de uma transa, nunca mandei flores, gosto de morder, de dar tapas, mas nunca deixo uma marquinha sequer, sei que existe a hora dos sussurros, dos gemidos, mas sei exatamente a hora que tenho que gritar, que chamar de vadia, safada, puta, a hora de pedir pra gozar. Pois é... mesmo assim eu temia.
            Quando passou aquela fase de hesitação, tomei coragem e fui... ela tava linda; aquele ar de mulherão, mas aquela mesma infantilidade de sempre: “menina mulher”, como diria o poeta. Entrei. Sentei no sofá. Ela, sentada no braço do outro sofá, acendeu um cigarro e, como sabe que eu não fumo, me ofereceu cerveja: “pode deixar que eu me sirvo”. Tomei o primeiro copo de um só gole, depois de dez minutos de conversa, ela já havia fumado três cigarros e eu nada de tomar a atitude que planejara. O clima de repente ficou insuportável, um silêncio chato, absurdo. Baixei a cabeça pra encher novamente o meu copo, quando levantei a vista ela já estava tirando o vestido, que caíra ao seus pés, a menina mulher agora era só mulher o meu medo de não conseguir se fora, meu pau instantaneamente ficou duro, ou como diria Clarissa: “Duro, não beeeeeeem duro”.
            Sexo não é improviso, fiz como planejei: a mão esquerda na nuca a arrancar-lhe os cabelos, a direita cravada na bunda, ela já de joelhos baixando minha bermuda sem tirar a cueca, apenas tirando o pau de lado (como faço com ela, as vezes) como quem brinca com brinquedo novo, ela chupa, e olha pra mim como quem diz: “Decifra-me ou te devoro”. Bruscamente ela me empurra, levita até o quarto, deita, sua masturbação é o convite... o convite que eu aceito deixando-a completamente desnuda...
            E o fim todos sabem: não precisa contar mais que “Um pouco do resto”.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mutações

I
A casa
Antes
Tão grande
Agora
Mutação
Pequena
Espreme-me

II
A luz
Antes
Tão clara
Agora
Mutação
Escura
Cega-me

III
O Sol
Antes
Tão brando
Agora
Mutação
Quente
Queima-me

IV
A lua
Antes
Tão cheia
Agora
Mutação
Nova
Esconde-se

V
O beijo
Antes
Tão voraz
Agora
Mutação
Gélido
Desola-me

VI
O amor
Antes
Tão amor
Agora
Mutação
Amor
Mata-me

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pedro Bial, Big Brother e Literatura

            Por favor, quando terminarem de ler o texto, assistam aos vídeos no fim do post.
            Muitas pessoas que me conhecem sabem que gosto do Big Brother Brasil, cheguei até, por diversas vezes, a sofrer preconceito por isso. Mas ontem ao assistir e ouvir o discurso de eliminação da Roraimense Paulinha, me deparei com mais uma aula de performance (chego a dizer literária) do apresentador do reality Pedro Bial.
            Em alusão ao celebre livro de Lewis Carrol, Alice in Wonderland ou Alice no País das Maravilhas para nós brasileiros, Bial compara a perseguição do Coelho Branco por Alice; que a leva ao mundo maravilhoso do País das Maravilhas, com a perseguição do mundo televisivo pelas emparedadas; que poderia levá-las (e levou) ao mundo maravilhoso da Fama:

E todos aqueles gatos e seus sorrisos de gatos
E todos aqueles chapeleiros malucos e seus chás
E todas aquelas festas e provas malucas
E todas aquelas rainhas a cortar cabeças
E todos aqueles líderes
E todas aquelas cartas
E o baralho de gente
E todas aquelas portas, fechaduras, cadeados, tantas chaves
E tanta vontade de mergulhar, despencar naquele buraco
Pirar geral... pro reino inteiro ver
Crescer... até não caber em si
Encolher... até caber no buraco de saída
Mas você não quer sair
Mas você tem que sair
Chegou a hora
E para sair você tem que responder apenas uma pergunta:
Quem é você?”

            E essa última pergunta feita a Paulinha foi, ao meu ver, também a justificativa pela saída dela. Disse um dia o já eliminado Diogo: “Quem é amigo de todo mundo não é amigo de ninguém” Uma opinião filosófica até, Freud por exemplo chegou a teorizar algo parecido. Quem acompanha o programa sabe que Paulinha tinha que responder àquela pergunta ainda durante o jogo, não respondeu, foi eliminada.
            A eliminação de ontem me lembrou um outro discurso de eliminação, sendo que do Big Brother Brasil 10. Impossível não se emocionar, não se arrepiar, não chorar com o show de emoção passado por esse Pedro, esse Pedro Poeta, poeta da vida real de mentirinha. Antes de anunciar a eliminação do colorido (no sentido mais cândido e mais alegre dessa palavra) Serginho, que enfrentava o também colorido Dicesar. Bial nos apresentou, nos recitou a (re)invenção de uma história em forma de poesia que tinha como protagonistas ninguém menos que Peter Pan e Dorothy e como roteiro a tradução da canção Over The Rainbow. Vamos ao discurso/poema:

“Serginho é Peter Pan
É Peter Pan, a criança que não cresceu e sabe voar
Quer aprender? Quer voar?
Pense numa coisa boa, pense numa coisa bem boa
É só pensar em coisa boa que a gente voa
Pense numa coisa bem linda
Que você nem viu ainda
Num raio de luar que você vai voar
Peter Pan, sombra na parede da caverna de Capitão Gancho
Travessura? Espectro? Imagem só?
Será? Não é possível
É ele... Pan... Está lá? Lá?
Ele está? De que lado ele está?
É só pensar em coisa boa que a gente voa
Se pensar em coisa ruim?
Bom! Pode até chegar ao fim

Dicésar é Dorothy
De ‘O Mágico de Oz’
Sapatinhos vermelhos Dimmy
Brilhantes
Dicésar tem coração GRANDE, que não murchou
Apesar de tantas vezes machucado
Pra você Dicésar e pra você Serginho
Eu gostaria de cantar uma canção
Como eu não canto assim tão bem
Eu vou dizer um resumo da tradução

‘Em algum lugar acima do arco-íris
Lá em cima
Existe uma terra que eu ouvi falar uma vez numa canção de ninar
Em algum lugar acima do arco-íris
O céu é azul
E os sonhos que você ousa sonhar
Se tornam realidade, VERDADE
Vou fazer um pedido à uma estrela
E acordar em um lugar além das nuvens
Onde os problemas se derretem como balas de limão
Bem pra lá do topo das chaminés
É lá que você vai me encontrar
Pássaros azuis voam acima do arco-íris
Se pássaros azuis voam contentes acima do arco-íris
Por que eu não posso voar?’

THERE IS NO PLACE LIKE HOME!
(...)
Dicésar, Dorothy busca o caminho de casa
Quer ir pra casa, ficar com a mãe
Segue a estrada de tijolos amarelos
E ainda quer arrumar coragem pro leão, um coração pro homem de lata, um cérebro pro espantalho...
Ai Caramba!
Peter Pan ou Dorothy?
Sérgio ou Dicésar?
Quem sai?

SAI SERGINHO!”

            Para os que me criticaram por gostar do Big Brother; sobre os argumentos de que este é um programa que só passa pornografia, mulher pelada, de que “têm mais o que fazer do que ficar querendo saber da vida de gente que nem conhece”, ou seja, fofocar, eu peço: quem nunca falou da vida alheia ou quem nunca consumiu pornografia que atirem a primeira pedra.
            Criei este blog pretendendo falar de arte e principalmente de literatura, pois bem, quem ousa dizer que isso não é arte, que isso não é literatura.

O poema que sempre (nunca) quis escrever

Pensei em escrever um poema que fosse algo grande, grande e insuportável ao mesmo tempo, que as pessoas jamais conseguissem conter as lágrimas ao lê-lo, que fizesse paralisar em sentidos até os desamantes de poesia, os leigos, os analfabetos, todos os vertebrados e invertebrados da terra...

Por muito tempo, tentei, tentei, tentei... e tentei milhões, bilhões, trilhões, zilhões de vezes, mas esse poema não saia...

E depois de muito viver, de muito sofrer, de muito chorar, de muito gritar, de muito morrer... Acho que consegui esboçar em meus neurônios tão insuportável poema... mas o medo de meu próprio poema, desse poema que tanto tentei escrever, me faz hesitar, me faz tremer, me faz não querer escrevê-lo... mesmo assim não tenho domínio sobre minhas mãos, elas insistem em guiar-me para o inferno que será escrever esse poema, não quero escrevê-lo pois temo que ele não tenha o esperado efeito sobre as pessoas (uma lágrima rola em meu rosto e toca e molha o papel), temo que para alguns ele soe cômico, seria demais (licença Machado) desgraçado leitor, se tu ristes de meu poema, desse poema que já não quero mais escrever, mas mesmo assim escreverei... depois dos dois pontos e entre aspas, derramarei sobre voz o sangue do meu poema/filho que ao escrevê-lo deixará de ser meu e amargurará a vida de todos que o tomarem para si, então, eis o meu maldito poema:

“SOLIDÃO”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Autoflagelo


Do sonho que careço nada sei
Se é um voo ou um nado, já não digo
E se perco minhas asas ou afundo,
É porque já não mais caibo nesse mundo.

Minha queda ou ascensão já não importa,
Ambas vão se estreitar no mesmo fim,
E é somente a transbordar noites a fio
Que me noto tão inútil e tão vazio.

Nessa eterna simetria digo e calo,
Nasço vivo, ontem hoje, morro e pó
Nessa inércia, nesse mundo, triste e só
Em meio a todos, Berro! Grito! mas não falo.

Meu desejo já não passa desse entalo
Que nas tripas da garganta dão um nó
E percebo meio assim como num estalo:
“Sou de ferro com a ferrugem ao meu redor”.

Lua Cheia vazia


Faltou luz na cidade
Noite de Lua Cheia
Só assim pra todos perceberem
O imenso vazio que a rodeia

Pobre Lua tão linda e tão só
Nem a luz que emites é sua
Vigia dos que amam na rua
Eterna ladra do Sol
Agora todos sabem o quanto és nua
O quanto és triste

Eu sou a Lua
Tão Cheia e tão vazia.

A Libido de Um Defunto


Quero-te agora como um desmaio,
Como a fruta que finda sem ser mordida,
Como a filha que chora sem ser parida.

À léguas vejo-te de soslaio:
Um véu a cobrir cachoeiras e grutas,
Uma índia, uma escrava que morde e que chupa

Ouço-te perto em silêncio profundo,
Uma voz que me rasga e me cospe e me beija
E que faz do meu corpo um só pau que lateja.

Levo-te comigo pelos vales de leite,
Somos Rei e Rainha de um Portugal antigo,
Deusa e Faraó a procura do Egito.

Se morto hoje estou, te peço que aceites,
Que mesmo eu estando nesse eterno escuro,
Me aceite como sempre fui, eternamente Duro.

terça-feira, 15 de março de 2011

Transtorno Obsessivo Compulsivo


Meio tonto de vez em quando eu olhava pros lados sem saber muito bem pra quê ou pra quem eu estava realmente olhando. Éh! É isso mesmo. Estava só olhando rapidamente pra um lado e depois pro outro como se a todo o momento eu estivesse prestes a atravessar uma rua.
            Na calçada que passava naquela hora topei com dois homens estranhos, até bem mais que eu, um aparentava ser um cientista algo como um químico ou um físico sei lá, já o outro estava sem sombras de dúvidas muito chapado, como se tivesse misturado uísque com maconha ou coisa parecida. Eles falavam muito e muito alto um com o outro e isso me tomou de curiosidade pra saber o que eles discutiam, sem hesitar dei meia volta e segui-os rua abaixo. A essa altura já não tava tão tonto quanto antes, mas não conseguia parar de olhar para os lados insistentemente quase como um louco sem conseguir ter controle, como se eu fosse um relógio insistindo naquele tic-tac, pelos menos pra minha consciência, sem motivo algum.
            Dobraram por uma ruela estreita, aparentemente sem saída, pararam em frente a um prédio bem antigo, “entre, senhor!”, “ah! vai tomar no cú! eu entro se eu quiser caralho!” Sentaram nuns banquinhos de madeira e começaram a jogar damas, mas quando cheguei mais perto foi que percebi que eles, na verdade, jogavam xadrez. O bêbado pediu desculpas ao nerd que usava uns óculos tão estranho quanto o dono. Agora eles falavam baixo um com o outro, o ambiente em que se encontravam não permitia qualquer ruído que atrapalhasse a concentração dos outros que estavam ali pra trabalhar, alguns com o notebook aberto sobre as mesas de xadrez, outros reunidos em grupos de três ou quatro discutindo coisas que pareciam um plano secreto pra destruir o mundo ou a casa do vizinho talvez. Mas mesmo falando baixinho dava perfeitamente pra ouvir o que eles diziam: “A saúde pública desse pais é mesmo um descaso, cara!” exclamou o bêbado com a voz embargada, nesse momento entrou no prédio um homem puxando uma caixa cheia de livros, o que me impediu de ouvir parte da conversa, quando o barulho cessou, me levantei, olhei pra um lado, depois pro outro e fui, olhando sempre pros lados, fui e me sentei num banquinho bem mais próximo deles, fiquei a menos de um metro das costas do nerd, e agora sim mesmo que o teto desabasse sob nossas cabeças, enquanto eles estivessem conversando, eu ouviria até o roncar da barriga deles. “logo ela, cara, pô! por que não levaram outro qualquer, tivesse me lavado, pronto tivesse ido eu seja pro céu ou pro inferno, mas tivesse ido eu!” “Mas ela num ia só fazer uns exames clínicos, inerentes ainda ao período pré-cirúrgico?” “Era, mas o médico disse que não ganhava pra atender urgência e ele era o único que tava disponível no hospital inteiro daí ela deu um troço lá, sentiu umas dores e disse que tinha um gato querendo sair pelo umbigo dela, a enfermeira chamou o médico e ele disse que num ganhava pra atender urgência e tinha que tá na clínica particular do irmão dele em uma hora e foi embora. Aquele filho da puta vai pagar pelo que fez, pô! ela podia ter morrido do mesmo jeito, mas ele tivesse pelo menos tentado fazer alguma coisa, num custava nada, ele era médico da área. Já a enfermeira não, aquela menina que parecia ser só uma estagiária, aluna da faculdade de enfermagem ou coisa assim, num importa, ela sim, fez de tudo: conseguiu o número de uma otorrinolaringologista que era o único médico pertencente ao quadro do hospital que morava na cidade, mas coitada da Doutora, chorou e tudo, mas apesar do esforço, não tinha muito o que fazer, porra! ela era otorrino, minha filha tava com uns problemas na vesícula, num tinha nada a ver com a área dela.”
            Só naquela hora, depois de enes e enes cogitações, descobri que se tratava da filha dele, imaginei que fosse a esposa ou a mãe, pois ele aparentava ser muito novo pra ter uma filha que sofresse com problemas na vesícula (idiotice minha achar que só velho tivesse problemas na vesícula, depois descobri o que a princípio deveria ser muito óbvio, mas o idiota aqui, nunca tinha parado pra pensar, que pra ter problemas na vesícula só era necessário ter uma vesícula).
            Tive raiva da minha curiosidade que me levou até aquele prédio cheio de idiotas pra ouvir um bêbado dizer a um nerd, ao mesmo tempo em que jogavam xadrez, que a saúde pública do país era um descaso pelo fato da sua filha ter sofrido negligencia médica e consequentemente, ou não, ter morrido no leito de um hospital qualquer, apesar de nesses tipos de casos eu achar que mais do que negligência médica, houve negligencia do sistema que pagou mal àquele médico, o que segundo ele (o bêbado) foi o que o (médico) levou a não atender a menina, ou moça, ou mulher, já não faço a mínima idéia de quantos anos aquele homem bêbado tinha, muito menos a idade de sua filha que eu nunca vi e nem verei pelo simples fato de ela agora estar morta e enterrada, mesmo que eu fique a eternidade com esse TOC de olhar pra um lado e depois pro outro feito um louco.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fica a dica...


Fonte: http://www.doisperdidos.com.br
Pelo primeira vez venho até vocês conversar sobre algo de forma não literária, entretanto não deixarei de falar de Literatura ou de Arte. Mas chega de explicações e vamos ao que interessa.
                Nos últimos meses venho assistindo muitos filmes adaptados a partir de obras literárias, influência da minha área de estudo. Há meses que me passaram o arquivo do filme brasileiro Dois Perdidos numa Noite Suja, (adaptação da peça homônima do dramaturgo, romancista, jornalista e tantas outras atribuições, Plínio Marcos), mas apesar do tempo, só hoje me veio a vontade de assisti-lo, e me arrependi de não ter visto antes, o filme é muito bom, intrigante e polêmico, com atuações memoráveis de Débora Falabella e Roberto Bomtempo, mas, para não contar mais do que devo, vou transcrever com ligeiras modificações a sinopse disponível no site oficial do filme.
                Dois Perdidos Numa Noite Suja narra o encontro explosivo de dois brasileiros que, como tantos outros imigrantes dos anos 90, trocaram a falta de perspectiva do país pela ilusão do sonho americano.
                Depois de um encontro casual, Tonho (Roberto Bomtempo) convida Paco (Débora Falabella) para dividir um galpão abandonado. Tonho é tímido, humilde, sincero. Paco é misteriosa, arrojada, agressiva. Fora a condição de estrangeiros, aparentemente não têm nada em comum. Ele está cansado de subempregos e quer voltar para o Brasil. Ela quer virar uma pop-star e vender mais discos que a Madonna. Por necessidade, falta de opção e solidão Tonho e Paco passam a viver um cotidiano infernal, fruto de ressentimento, frustrações, violência e uma inusitada história de amor.
                A convivência forçada desses dois imigrantes à margem da sociedade irá revelar de forma crua e despudorada a falência da esperança de uma vida mais digna. O desespero crescente leva Paco e Tonho a aplicarem golpes cada vez mais arriscados. A diferença de temperamentos e objetivos provoca confrontos cada vez mais violentos com um final tão doloroso quanto inesperado.
Fonte: http://www.doisperdidos.com.br

                Apesar do sucesso, Dois Perdidos Numa Noite Suja não teve indicações a prêmios internacionais, mas no Brasil ganhou o Troféu Candango do Festival de Brasília de 2002, levando os prêmios das categorias de Melhor Atriz (Débora Falabella), Melhor Diretor (José Joffily) e Melhor Roteiro (Paulo Halm). O filme ainda levou os prêmios de Melhor Atriz (Débora Falabella) no Grande Prêmio Cinema Brasil 2004, Melhor Montagem (Eduardo Escorel) e Melhor Trilha Sonora Original (David Tygel) no Festival de Gramado de 2002 e Melhor Fotografia (Nonato Estrela) no Cine-PE 2003.
                 Portanto fica a pedida para quando não se tiver o que fazer, dar esse mergulho na night Nova Yorquina, na companhia dos miseráveis Paco e Tonho.



Referências:
http://www.doisperdidos.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/2_Perdidos_numa_Noite_Suja
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%ADnio_Marcos

quinta-feira, 10 de março de 2011

Noite


Eu não conhecia aquela mulher que passou, mesmo depois de já ter conversado com ela, ido em sua casa e tê-la visto antes tantas e tantas vezes. Não, aquela eu não conhecia ainda, sei que já havia beijado-a em uma noite qualquer em uma festa qualquer em um lugar qualquer em um lugar comum, mas aquela daquela noite eu nunca nem sequer tinha visto. Era uma espécie de macacão preto que cobria a noite de sua pele, é isso ela se veste de noite toda vez que fazemos amor, uma noite faminta que devora... só devora... e devora mais ainda. Mas... com a daquela noite... tudo era sentidos: Um olfato para o perfume da primavera de uma única Flor. Uma audição para sussurros... ah!... ah!... ah!... parecem anjos... Um paladar carnívoro que lambe que morde... que come. E uma visão... uma visão para o noturno escuro de nós dois e por fim... o tato para todo o resto... cabelos mãos pés bunda e que todos os sentidos sejam para a noite. Assim como fomos. Fomos para a noite a própria noite, uma noite que demorou pra morrer e que tinha um cenário no mínimo excêntrico, um ônibus velho transformando a rua em beco, um bêbado caído uma esposa gritando, mas mesmo assim uma mão que tinha vida e teria mesmo que não tivesse um corpo para te guiar, aliás, quatro mãos, as quatro mãos da noite, sôfregas em busca de um tesouro que só o outro possuía, e um tesouro que à primeira (im)pressão não era suficiente, frustrante eu diria, mas que com o passar do tempo teve suas relíquias hipervalorizadas, mas aquela noite com aquela mulher(noite) acabou antes de terminar... foram só sentidos, brandos, sem ápice. O ápice demorou. A de hoje, mesmo sendo a mesma, não é mais a mesma, mas continua a mesma(noite). As noites depois daquela foram só ápices, sentidos por todos os sentidos, todas as noites mesmo quando não é noite foram noites, todas com o pigmento daquela lactose eterna que caracteriza os ápices(gozos). A noite é o grito e o gemido se fundindo em forma de dois, em forma de nós dois.

O que gosto em você...


O seu ar maluquinha
O andar apressado
Seu olhar pro vazio
O calor de sua pele
Silhueta de ninfa
O seu não que convida
E o sim que repele
Como quem faz da vida
Um eterno revéz

De uma eterna carência
De se ter para sempre
Todos homens do mundo
Debruçado aos seus pés.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pra te conquistar


Daria o meu nome
Daria o meu pé
Daria meu sonho
E até minha fome

Daria meu sexo
Daria meu grito
Daria meus pulos
E até o meu nexo

(E pra não dizeres
Que não sou romântico)

Te dedico as canções
De um tal Jeneci
Cantadas com a voz
De Tiago Petit.

quarta-feira, 2 de março de 2011

...

Aquela dose parecia mais quente que as outras mais forte com mais álcool com álcool destilado por anjos. Aquele trago então... Bebi Rimbaud... Fumei Capitu. Na rua todos me olhavam diferente, o rapaz que passou parecia banhado em libido, a menina parecia feita de cheiro de gosto de gozo. Parecia que todos acabaram de sair do Éden... de um Éden povoado por mil serpentes... ao entrar em casa pensei estar entrando nas tendas de Salomão... no calendário todos os dias marcavam carnaval o feriado das divinas putarias dos gozos permitidos... abrindo a porta do que antes era meu quarto deusas e deuses despidos convidavam-me para o eterno regalo gozoso... na cozinha ninfas ensaiavam o balé de Eros... quando dou por mim o peso de mil Afrodites me esmaga contra o chão de plumas, sequer me vejo, cego só ouço o cântico dos cânticos só sinto o tatear fogoso de Vênus o cheiro do mel invisível e a doce dor das mordidas que agora começam a me devorar... minha língua já era... meu coração dispara bombeando todo o sangue do mundo para o pulsar do meu baixo-ventre...  me mordem, me rasgam, dilaceram-me as mil cadelas possuídas pelos mais indecorosos demônios do paraíso... no meu paraíso... sinto... sinto... sinto... agora o verdadeiro e único prazer... o prazer do aniquilamento... aniquilamento da morte... da minha morte... morte lasciva... morte viva... Em nome da mãe... da filha... e desse espírito santo... GOZEI.