Quero-te agora como um desmaio,
Como a fruta que finda sem ser mordida,
Como a filha que chora sem ser parida.
À léguas vejo-te de soslaio:
Um véu a cobrir cachoeiras e grutas,
Uma índia, uma escrava que morde e que chupa
Ouço-te perto em silêncio profundo,
Uma voz que me rasga e me cospe e me beija
E que faz do meu corpo um só pau que lateja.
Levo-te comigo pelos vales de leite,
Somos Rei e Rainha de um Portugal antigo,
Deusa e Faraó a procura do Egito.
Se morto hoje estou, te peço que aceites,
Que mesmo eu estando nesse eterno escuro,
Me aceite como sempre fui, eternamente Duro.
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