sexta-feira, 30 de março de 2012

A coisa


Cuidado com a coisa
coisando por aí.
A coisa coisa sempre
e também coisa por aqui.
(Renato Russo)

            Aquela coisa ainda está aqui. Ela pulsa feito o tudo, ela irrita feito o nada (feito o tudo que, exatamente por ser tudo, se porta feito fosse nada). E o pior é que dói. O foda é que é uma dor que não incomoda muito; e exatamente por não incomodar muito eu deixo pra lá, não ligo, não me importo, não procuro um médico, ou uma benzedeira, ou coisa que o valha. Fico aqui... e lá... e sempre com a mesma dor que incomoda apenas pelo fato de não incomodar. Se pelo menos me fizesse sofrer, gritar, chorar, mas não, essa porcaria de dor não serve pra nada. Fico imaginando o quão bom seria sentir esta dor se ela fosse dor lasciva, dor que faz o olho chorar de algo muito parecido com alegria, dor de gozo... 

Porra! A música que estou ouvindo agora cortou o meu raciocínio e por um momento (isso acontece sempre) a dor pareceu nem existir. Fico me perguntando agora pelos violinos. Cadê os violinos? Como é que uma banda com o nome “Violins” não tem um violino tocando? 

E acho que é isso, a dor só existe quando estou falando, pensando, vivendo (n)ela. A dor é uma coisa.