quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vou Contar Tudo Pra Minha Mãe

Logo que acordou a menina correu desesperada para o quarto da mãe, que a essa hora da manhã já havia saído pra trabalhar, a empregada tava na cozinha, terminando de tirar a mesa do café da manhã. Trabalhando aparentemente com muita pressa a moça deixou cair um copo de vidro que se espedaçou em mil pedaços ao tocar no chão. A menina que agora já estava na porta da cozinha ria muito da empregada, “Vou contar tudo pra minha mãe” virou-se e foi pra sala assistir TV.
            Num dos outros quartos da casa, o irmão, cinco anos mais velho que a menina, acordara e ao passar pela porta da cozinha com destino ao banheiro, percebeu o embaraço da empregada com os cacos que tomavam conta de grande parte do piso da cozinha. “Quer ajuda?!” “Não!” O rapaz saiu do banheiro e dessa vez sem falar nada entrou na cozinha e juntou os restos dos cacos que ainda ocupavam a pobre empregada, “Obrigada” “Ah! Deixa de ser boba” e sai.
            Na casa só havia eles três, a empregada ficava só até a hora do almoço, a menina estudava à tarde e o rapaz trabalhava meio expediente em uma loja, mais precisamente das 15 às 20 horas. E a mãe, que era viúva, ficava o dia todo em seu escritório e raramente almoçava em casa.
            Depois de arrumar toda a cozinha a empregada deveria arrumar os quartos dos meninos, mas por preguiça ou por mera vontade sentou-se à mesa e começou a folhear uma revista qualquer, talvez de fofoca ou de culinária. A menina que sentira sede ou enjoara de assistir TV, vai até a cozinha comer algo ou tomar um copo d’água, e ao ver a pobre moça em seu impróprio descanso, pula e grita feito uma louca, “Vou contar tudo pra minha mãe” nem comeu nem bebeu água e voltou pro sofá.
            Ela agora espanava a mesa do computador dele que mesmo com a presença dela não saiu da cama onde lia um romance qualquer. Ela estava de costas pra ele e ao perceber uma cueca jogada no chão ao lado do estabilizador se abaixa bruscamente pra apanhá-la, quando se ergue percebe que ela olha descaradamente pra sua bunda, ela fingiu que não percebeu e passou suavemente a mão na própria bunda pra abaixar a saia que levantara um pouco. Pronto, a atitude dos dois foi o suficiente.
            Já se aproximara da hora do almoço e a menina gritou da sala “Tô com fome!” e ao sentir que ninguém havia respondido correu pra cozinha, estranhou o fato da empregada não está lá e saiu a procurá-la pelos outros cômodos da sala, procurou nos dois banheiros, na lavanderia, em seu próprio quarto e nada, o único lugar que ela não havia tentado era no quarto do irmão, pois ele detestava que ela entrasse no quarto dele, mas movida pela necessidade, abriu levemente a porta olhou pra cadeira do computador e viu uma blusa e uma calcinha pendurada no encosto e por fim escancarou de vez a porta e com uma mistura de susto e surpresa falou levando a mão à boca, pausadamente, quase como um suspiro  “ V o u  c o n t a r  t u d o  p r a  m i n h a  m ã e . . . ” e saiu.
            Os dois passaram ainda uns dez minutos no quarto, tempo mais que suficiente pra pensarem no que fazer dali por diante. Ele saiu do quarto segurando alguns lençóis dobrados e ela fora direto pra cozinha provavelmente pra preparar o almoço. A menina estava no banheiro com o telefone celular no ouvido direito, o irmão já entrou no banheiro dando um soco com a mão direita no lado esquerdo do rosto da menina que caíra de bruços no chão. O celular foi jogado na privada, e depois disso ele desenrolou dois lenços que estavam sobre os lençóis e amarrou os braços e a boca dela enquanto ela tentava dizer algo “Vou contar tudo pra m...”
            A empregada entrou no banheiro tremendo bastante com alguns instrumentos abarcados com suas duas mãos, ela trouxera faca, martelo de bater bife, isqueiro e um vidrinho de álcool, ela tentou dizer algo pro rapaz que imediatamente retrucou “Cale a boca sua vadia! É por causa de você que eu tô fazendo isso” e pegando o martelo começou a gritar com a garotinha que se debatia tentando dizer algo... A empregada saiu do banheiro e voltou alguns segundos depois com outra faca bem maior que a anterior e aparentemente bem mais afiada e ficou só observando o rapaz torturar a menina.
            Ele já estava decidido, destampou o vidro e espalhou álcool por todo o corpo da irmã, mandou a empregada afastar-se ela abraçou suas costas e os dois vieram andando de costas em direção à porta, ele tirou o isqueiro que havia colocado no bolso e sentiu um calor congelante invadir um ponto qualquer de seu corpo. A faca penetrara com muita facilidade o seu coração petrificado e ele caiu, primeiro de joelhos e ao tentar olhar pra trás caiu de bruços sobre a sua mão direita que ainda segurava o isqueiro.
            A empregada desamarrou os braços e a boca da criança que antes de qualquer coisa falou “Não se preocupe, Vou contar tudo pra minha mãe”.

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